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sábado, 25 de maio de 2013

Final Liga Dos Campeões

Entre o 'conto de fadas' e a redenção, Borussia e Bayern fazem final alemã

Auto-denominado o franco atirador da decisão de Wembley, Dortmund considera título um sonho. Bávaros lutam contra trauma de um novo vice

O Borussia Dortmund se mobilizou para fazer de sua presença em Londres um verdadeiro "conto de fadas". Uma "hashtag" com a expressão em inglês incentivava em cada mensagem nas redes sociais o torcedor a viver um momento, senão único, talvez até mais especial do que quando conquistou o primeiro e único título da Liga dos Campeões, em 1997. O Bayern de Munique, por outro lado, trata a decisão deste sábado, no lendário estádio de Wembley, a partir das 15h45m (de Brasília), com a cautela de quem mais chorou do que sorriu. Um grande sentimento de obrigação pela excelente temporada e forte poderio financeiro convive com a possibilidade de novo trauma por conta dos dois vice-campeonatos nos últimos três anos. Definitivamente uma inédita final alemã cercada de expectativa, mas também com um favorito.


Os bávaros estão atrás de um quinto título. O último deles veio em 2001, depois de um longo hiato sem festejar a Champions, já que brilhou de forma consecutiva nos anos 70. Foram vice-campeões em cinco oportunidades, a penúltima em 2010, para o Internazionale de Milão, no Santiago Bernabéu. As duas recentes decepções em especial colocaram em dúvida o perfil vencedor da atual geração, de Schweinsteiger, Ribéry, Robben, entre outros, que faturou todos os outros títulos disponíveis, mas esbarrou no mais desejado deles.
- Jogamos muito bem no ano passado. É claro que do jeito que aconteceu nós não gostamos em particular, mas teremos de ser mais rigorosos e estamos fazendo as coisas certas - afirmou o meia Thomas Müller, com discurso acompanhado pelo capitão Philipp Lahm.
- Não há garantia sobre ganhar o título, mas nós estamos muito mais maduros no nosso jogo e nos desenvolvemos muito bem. Não há razão para não acontecer - disse o lateral-direito.
O revés para o Chelsea ainda soa como amargo, mas um triunfo em Wembley certamente apagaria tudo isso. O estádio receberá a sua oitava final de Liga dos Campeões e, pela primeira vez, verá um campeão alemão. Antes de a bola rolar, é o país que se notabiliza pelo seu sucesso. Uma vitória do nacionalismo, uma vitória para a chanceler Angela Merkel perante uma Europa rendida ao poderio da Alemanha. Mas os torcedores não querem saber de patriotismo na hora de levantar a taça.
A final pode ser germânica, mas a rivalidade entre Bayern e Borussia parece ser mais forte do que o orgulho nacional, fato evidenciado no empate por 1 a 1 pelo Campeonato Alemão, há três semanas, quando, ao término da partida, Matthias Sammer, diretor esportivo do Bayern, e Jürgen Klopp, atual treinador do Borussia, se desentenderam e quase saíram no tapa.


Embora no futebol ninguém ganhe algo na véspera, o Bayern de Munique iniciará o confronto como o grande favorito. Até o príncipe William quer ver Lahm erguer o troféu. Outros pesos pesados do futebol mundial, como Zidane, Cafú e o presidente honorário do time, Franz Beckenbauer, também veem o Bayern na frente. Na coletiva que antecedeu a final, Thomas Müller e Jupp Heynckes não fugiram do tema. O técnico disse que os bávaros iriam ganhar. Já o meia deixou claro que o time não tem fraquezas.
A afirmação de Müller - sempre pôlemico diante da imprensa - causou algum incomodo aos jornalistas presentes na sala. A verdade é que os números lhe dão razão. Vencer o Campeonato Alemão com 20 pontos de vantagem sobre o rival direto, Borussia Dortmund, não é para qualquer um. Mais espantoso ainda foi ver o Bayern a atropelar Juventus e Barcelona no mata-mata (os catalães por um placar de 7 a 0 no agregado). O Dortmund, por sua vez, sofreu para eliminar o Malága e o Real Madrid até ao último minuto.
Para esquentar ainda mais o clima da decisão, a maior revelação do futebol alemão, o meia Mario Götze, foi vendido pelo Borussia ao Bayern em abril. Ele poderia se despedir do clube que o revelou neste sábado, mas uma lesão sofrida na semifinal diante do Real Madrid o impediu de entrar em campo. Ao menos foi essa a explicação oficial dos aurinegros, receosos quanto à forte pressão que sofreria o jogador de 20 anos.
Klopp, no entanto, já sabia que não contaria com Götze. Treinou a equipe há três semanas mantendo a sua filosofia conhecida como o "gegenpressing", de explicação simples, mas funcionamento complexo. Em suma: realizar a transição rápida a partir do momento em que rouba a bola, seja no campo defensivo ou ofensivo.
Ambas as equipes têm um coletivo forte, mas o Bayern possui mais jogadores capazes de resolver o jogo. Uma vez mais, são os números que comprovam: Müller é o goleador do time na Champions com oito gols; Mandzukic, o centroavante titular, fez dois, mas os reservas Pizarro e Mario Gómez contribuíram seis vezes. Toni Kroos, Schweinsteiger, Alaba, Arjen Robben e Ribéry também foram decisivos com gols e assistências durante a competição.

Do lado dos comandados de Klopp, Lewandowski é a máxima esperança. O artilheiro polonês é o vice-artilheiro, com dez gols, apenas atrás de Cristiano Ronaldo, com 12. Em seguida estão os jovens Marco Reus, com quatro, e Mario Gotze, com dois gols.

Diferenças do jogo

A Bavária é a região mais rica da Europa e por consequência da Alemanha. Muito comum, portanto, que o clube local também seja o mais rico do país. O Bayern de Munique tem à disposição cerca de € 360 milhões por ano, contra menos de € 200 milhões do rivais. Consequentemente, em Munique os jogadores podem ganhar o dobro, daí o interesse das jóias de Klopp buscarem uma transferência para o sul da Alemanha. Aconteceu com Götze e pode acontecer com Lewandowski. Tudo isso antes mesmo de Pep Guardiola assumir o comando técnico do clube.



Com todas as probabilidades, estatísticas e montantes a favor dos bávaros, o Borussia se agarra no retrospecto recente para acreditar na vitória. Nos últimos nove jogos contra o rival, venceu em cinco oportunidades, incluindo na final da Copa da Alemanha há um ano, também num estádio neutro - Berlim. Acumulou ainda mais dois empates e duas derrotas.
- Eu não posso dizer que o que os jogadores do Bayern pensam ou se eles têm medo de perderem pela terceira vez em quatro anos. Se as pessoas que correm por fora não sentem a mesma pressão do que os favoritos, o quão estúpido seria isso? Você precisa se concentrar na tarefa. As pessoas escalaram o Monte Everest e sabem que a dez metros do topo eles talvez tivessem de voltar, mas tentaram do mesmo jeito - disse Klopp.

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